Expressão falada
“Ela nunca foi boa com expressão falada. E tá tudo bem”
Tudo bem é o caralho.
Vou pular a parte em que o texto introduz o assunto a você, leitor/a, dizendo que a mulher é oprimida pela sociedade patriarcal e mais tudo aquilo tudo lá que já sabemos (ou deveríamos).
Girl power?
Se a gente sabe do tamanho da nossa força, do nosso poder, do borogodó, da inteligência ou qualquer outro adjetivo potente, por que ainda insistimos em ser fadas sensatas, perfeitas, fofas, sorridentes, ninfetinhas de cristal?
Todo ser humano tem seu período de desabrochamento, ali na juventude. Então sim, terão horas de insegurança e falta de confiança na gente, exatamente porque estamos nos conhecendo. “E tá tudo bem”, como diria os PhD em saúde mental do Twitter. Tudo bem até uma certa idade.
A vida não é fácil, e não costuma ser mamão com açúcar para a grande maioria da população. Isso forma calos, que moldam nossa opinião e nos ajudam a avaliar qual o tamanho do valor que damos a determinada coisa. Pode ser desde coisas grandes, até a coisas pequenas.
Exemplo: sempre fui uma mulher bochechuda, e convivo com um rostão gigante durante toda minha vida. Não vou me submeter a cirurgia para um médico moldar o que a natureza caprichou com perfeição rs. Então só me sobram duas opções: viver “negando” minha bochecha (risos) ou assumir que foda-se, é o que tem para hoje. Essas minidecisões fazem parte da nossa vida, e completam ou esvaziam a nossa mala de neuras que nem sempre precisam fazer sentido.
Quando a gente leva essas neurinhas bobas para a construção de um ser humano maduro, começamos a viver nas sombras da falta de confiança com a gente mesmo. E por mais que tenhamos os psicanalistas formados pelo Tik Tok para dizer isso, não, NÃO TÁ TUDO BEM! Se permitir ser alguém inseguro é um pouco imaturo e diz mais sobre você do que sobre a sociedade.
Até porque a sociedade, minha amiga, ela vai te julgar se você parecer o Fofão ou a Gisele Bundchen.
Ninguém está pronto para nada, a vida não é uma competição em que a gente faz uma determinada quantidade de pontos e está com passaporte garantido para o céu. Mas de fato para algumas ações, precisamos ter atitudes que venham da gente, antes de sair dizendo que a culpa é de alguém — porque, às vezes, pode ser mesmo.
O discurso não bate, gente. Uma hora a gente fala que somos poderosas e fortes, no outro, estamos justificando nossa capacidade de não termos eloquência! Fala sério… estamos beirando os 30 anos e ainda achamos que o outro precisa ter paciência para entender nossas minineuras lá do passado que não resolvemos. Talvez o problema não seja a minineura, mas o que você faz dela.