Fernanda Nunes
2 min readMar 8, 2023

Se o dia da mulher fosse um presente

Primeiro que gostaria de ganhar tudo em dinheiro. Pode me dar tudo o que você tem aí, pode ser esse seu salário mixuruca. Me dá tudo. Quero passar 24h do dia 8 de março enchendo o cu de grana, aceito Pix também.

Passaria o dia sem pensar no que almoçar durante a semana, se a roupa no varal já secou (já posso bater mais uma máquina?)... Varrer? Nem pensar, isso inclui sequer cogitar arrumar a cama, fazer café, aspirar os pêlos dos gatos, organizar a casa, colocar as coisas de volta ao lugar. Zero. Nada disso estaria em minhas mãos.

Todo mundo ia me dar razão, porque é o dia da mulher, a gente pode tudo no dia 8 de março.

A minha vida seria, finalmente, minha. Como não tenho mais obrigações de casa, minha existência seria designada a mim mesma. Não, não vou acordar um minuto mais cedo sequer para ir ao mercado pensar em lista de compras e o que tem ou não no armário. Não sei se temos comida pra comer, não sei se acabou tudo.

O quê? A casa precisa de algo indispensável? Não posso ajudar, já que quem (bem) observou a falta dele não foi eu.

Como não tenho mais que me preocupar com limpar e organizar, minha atenção se volta ao meu ser. Tenho mais tempo pra dedicar à leitura, estudos, trabalho... Aliás, falando em trabalho, agora que tenho disponibilidade, consigo focar em meus projetos profissionais sem ter a ansiedade do "a casa tá suja". Talvez até deva estar, mas agora isso não é um problema meu.

Tchau, tô saindo, vou demorar. Por quê? Eu tenho vida e vida se vive, logo, não é nem da sua conta e nem é de sua preocupação.

Neste 8 de março, que a gente pense e viva como homem.

Fernanda Nunes

na maioria das vezes, os textos vêm quando vou dormir